Fossa ecológica evita a contaminação do lençol freático

Tecnologias sociais do projeto Água Viva são implantadas na região do Sarandi e Retiro, em Luziânia

No Brasil, cerca de 95% das propriedades rurais não tem tratamento de resíduos e usa a fossa negra, que contamina o lençol freático, o que leva a uma grande incidência de verminose e outras doenças causadas por coliformes fecais. O projeto Água Viva: Uso e conservação, da Corumbá Concessões, está implantando em propriedades rurais dos municípios do entorno do reservatório três tecnologias sociais voltadas para a preservação e produção de recursos hídricos. Entre elas está a fossa séptica ecológica, que recolhe os resíduos (efluentes) e tem a função de matar todos os patógenos, evitando a contaminação do lençol freático e, consequentemente, dos córregos e rios.

Uma capacitação produtiva do Água Viva foi realizada em 04 de março, para moradores vizinhos da fazenda Retiro, região do Sarandi, em Luziânia, com o objetivo de preservar duas nascentes importantes que abastecem várias famílias e vão desaguar no lago de Corumbá IV. Em propriedades que há cerca de dois anos enfrentam falta de água, os moradores participaram do plantio de 400 mudas do Cerrado em volta de duas nascentes, que chegaram a secar. Além disso, serão construídas, esta semana, quatro barraginhas em volta das minas para captar e armazenar água da chuva visando ao abastecimento do lençol freático. Os participantes do curso aprenderam, ainda, a montar a fossa ecológica para replicarem em suas propriedades.

A região rural de Luziânia, segundo o coordenador em campo do projeto, Joy Pena, é “privilegiada”, porque lá já existem algumas fossas ecológicas da Embrapa de São Carlos, que foram implantadas durante o projeto Balde Cheio, da Corumbá Concessões (2010 a 2013). “Não adianta somente plantar mudas e armazenar água de chuva nas barraginhas, pois a água do lençol freático continuaria sendo contaminada devido às fossas antigas, chamadas negras, que existem nas fazendas. Daí a importância dessa terceira tecnologia, a fossa ecológica, que vai devolver à natureza uma água limpa”, explica o técnico. Outra vantagem, complementa, é que a água sai da fossa na forma de biofertilizante e pode ser usada para adubar plantações e pastagens, como acontece na agricultura familiar.

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Joy Pena (de camisa branca) explica a Ronaldo Francisco de Souza sobre o funcionamento da fossa ecológica.

Rui Alves Duarte, ou Milton, como é conhecido, disse que está muito satisfeito com o que aprendeu no curso. Ele admite que antes de conhecer o projeto não sabia como preservar a sua nascente, que há dois anos começou a secar. “Muitas pessoas diziam que eu tinha que plantar árvores em volta da nascente e eu também não sabia da importância da fossa ecológica que vamos aprender a montar. Eu aprendi muito no curso e temos que dar graças a Deus por esse projeto, senão a gente ia ficar no seco”, disse.

Na propriedade para onde Ronaldo Francisco de Souza está se mudando, no Retiro, vai ser instalada uma fossa ecológica. Ele vai começar vida nova com as três tecnologias implantadas na propriedade. “Esse projeto é muito bom porque estamos com o nível da água cada vez mais baixo, como nunca vimos antes”, elogiou.

Outro participante do grupo, Josué da Costa Camargo, conta como era antes de a água da sua nascente começar a minguar: “Aqui corria água abundante há mais de 30 anos para servir à minha família de nove pessoas e outras propriedades mais para baixo. Mas de dois anos para cá a nascente começou a secar”. A família pensou que as causas do problema eram ataque de formigas na vegetação próxima à nascente, que foram combatidas, e a uma extração de areia nas imediações. Mas foi a partir das orientações do projeto que Josué percebeu que a solução seria plantar mudas na área da nascente. “Eu procurei a secretaria de Agricultura e ganhei 300 mudas. Aproveitamos o embalo e com as mudas do projeto plantamos um total de 400. A prefeitura vai mandar um trator e vamos abrir duas barraginhas aqui”, disse.

Envolvimento

Até há poucos anos as pessoas não se importavam com as nascentes e nem sabiam que elas eram o ponto de partida para a manutenção dos recursos hídricos. Mas com a escassez de água em Goiás e no Distrito Federal, os moradores da zona rural de Luziânia também começaram a sentir na pele a falta d’água. “Todos estavam muito empenhados no plantio de mudas e agradecidos pela solução que o projeto trouxe”, avalia Joy Pena.

Para Marinez Caetano, analista ambiental da Corumbá Concessões, o projeto aproxima os proprietários dos seus problemas e das soluções. “É durante os cursos que os produtores têm maior oportunidade de se reunirem em comunidade para debater sobre a água que eles consomem, sobre quais atitudes precisam tomar, e quais mudanças precisam alcançar para que não falte água”, comenta.

Ele lembra que quando era criança ouvia dizer que a geração dos seus netos iriam viver uma crise hídrica no Brasil. “Antes disso já estamos vivendo esse problema de falta de água nas cabeceiras das nascentes. E se estamos no Planalto Central, que é a caixa d´água do país, onde nascem as maiores bacias, enfrentando racionamento em pleno período chuvoso, o que vai acontecer com os produtores daqui a seis meses no período de seca? ”, questiona.

O projeto Água Viva está sendo implementado, nesta segunda etapa (desde julho de 2016), em quatro municípios do entorno do reservatório – Alexânia, Luziânia, Novo Gama e Santo Antônio do Descoberto, com o plantio de cerca de 800 mudas, instalação de 16 fossas biodigestoras e construção de 32 barraginhas. Na primeira etapa, realizada em 2015, as ações beneficiaram Abadiânia, Silvânia e Corumbá de Goiás.

 

Assessoria de Comunicação

Ana Guaranys

Corumbá Concessões

Informações: (61) 3462-5237 / comunicacao@corumba4.com.br

08/03/2017

 

 

 

 

 

 

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