Projeto Água Viva realiza capacitação produtiva em Alexânia (GO)

Moradores da região rural da vizinhança da fazenda São Tomé, de Alexânia, receberam a equipe do projeto Água Viva: Uso e Conservação, em 18 de fevereiro último, para uma capacitação integral rural nas tecnologias sociais: conservação e recuperação de nascentes, através de plantio de mudas do Cerrado; construção de barraginhas para captação de água de chuva e alimentação do lençol freático; e instalação de fossa ecológica para tratamento de efluentes. O projeto faz parte do programa Alternativa Produtiva da Corumbá Concessões, gestora da Usina Hidrelétrica de Corumbá IV.

Na parte da manhã, os participantes aprenderam, por meio de palestras e vídeos, sobre a importância dessas três tecnologias voltadas para garantir a produção e manutenção dos recursos hídricos na propriedade. Segundo Joy Pena, coordenador do projeto em campo, os benefícios dessas tecnologias ainda são novidade para muitos moradores do campo. Ele faz uma comparação entre a fossa negra – instalada na maioria das propriedades – e a ecológica, replicada pelo Água Viva.

DSCN8695
Explicação sobre a instalação da fossa ecológica em área rural de Alexânia

“A fossa negra contamina o lençol freático e, consequentemente, a água que o produtor consome da cisterna ou poço artesiano, causa alto índice de contaminação, por vermes, em crianças e adultos”, diz. Já na fossa ecológica, explica, os efluentes do banheiro da propriedade são tratados por filtragem, matando os patógenos (bactérias), e saem na forma de fertilizante orgânico que pode ser usado na irrigação de pastagens e plantações e na adubação do solo. Essa água retorna também, limpa, para o lençol freático e para os rios.

Na opinião de Joy Pena, o produtor não faz a fossa negra porque quer contaminar a sua família, mas porque é um conhecimento que ele herdou do pai e outros antepassados. “Daí a importância do projeto Água Viva, que dá às famílias a oportunidade de saber que elas podem fazer a diferença, utilizando uma tecnologia ecologicamente correta”, diz. O técnico acrescenta que o baixo custo é uma outra vantagem da fossa séptica – cerca de R$ 600,00, equivalente à metade do valor da fossa negra.

 

Plantio de mudas

Dona Amélia Gomes Modesto, filha do dono da fazenda onde foi realizada a capacitação, Sr. Odorico Gomes, tem quatro barraginhas na propriedade. Ela diz que está sempre preocupada em manter bem verdes as áreas do entorno de suas nascentes e que, por isso, nunca teve falta d´água. Ao contrário da propriedade do seu pai, que fica logo abaixo, a 300 metros da sua casa, onde três tanques de peixes secaram devido à escassez hídrica dos últimos meses, em Goiás. Esse caso ficou gravado na memória da família, como conta Anísio Gomes de Abreu, irmão de dona Amélia: “Nós tivemos que transferir os peixes de dois tanques para o terceiro, mas só conseguimos salvar uns 200 tambaquis. A gente chorava de ver o sofrimento deles sem água”.

Segundo Anísio Gomes, outro problema, à época, era arranjar água para as 80 cabeças de gado da fazenda. Mas se não fosse, segundo ele, o socorro vindo da prefeitura de Alexânia, que mandou alguns caminhões pipa para encher o tanque de peixes, não teria restado nenhum animal. Com as três barraginhas que o projeto Água Viva abriu na propriedade para acumular água de chuva e mais uma que foi construída por iniciativa dos proprietários, a situação normalizou. “Nós revegetamos a área em volta da nascente, o solo já está bem úmido e agora vamos plantar mais mudas, como buriti, para garantir que nunca mais seque essa nossa única fonte de água, que é vida. O projeto chegou para nós na hora mais difícil, na hora exata”, diz.

Outra ação do Água Viva nos quatro municípios beneficiados pelo projeto foi o plantio de 100 mudas em áreas próximas a nascentes, em cada uma das 16 propriedades selecionadas. As prefeituras desses municípios também contribuíram com mais 200 mudas por propriedade.  Na fazenda São Tomé, o curso de capacitação foi encerrado com a visita dos participantes à área do plantio. Eles foram conduzidos por Dona Amélia que, com entusiasmo mostrou a “surpresa” que ela havia preparado para a ocasião: a marcação das mudas com fitas coloridas e uma faixa de agradecimento aos moradores que participaram do plantio e à equipe do projeto. Em seguida, ela e familiares plantaram ao lado da casa algumas mudas que foram batizadas com o nome de quem as plantou. “Sempre que posso eu planto espécies do Cerrado em volta das nascentes e cerco a área pra nenhum animal pisar”. Isso é uma gotinha no oceano de problemas ambientais que provocam a escassez de água, mas pode fazer a diferença, como fez aqui na fazenda”, comenta.

O projeto Água Viva está sendo implementado, nesta segunda etapa (desde julho de 2016), em quatro municípios do entorno do reservatório – Alexânia, Luziânia, Novo Gama e Santo Antônio do Descoberto, com o plantio de cerca de 800 mudas, instalação de 16 fossas biodigestoras e construção de 32 barraginhas. Na primeira etapa, realizada em 2015, as ações beneficiaram Abadiânia, Silvânia e Corumbá de Goiás.

 

Quebra de tabus

Para a analista ambiental da Corumbá Concessões, Marinez Castro, o projeto quebra alguns tabus com o produtor rural:

  • Pensar que a fossa negra não contamina o lençol freático e é barata.

Ao contrário, a fossa ecológica não contamina e é mais barata.

  • Pensar que a barraginha representa perda de pasto.

A barraginha aumenta a água na propriedade deixando-a mais produtiva.

  • Pensar que desmatar mais áreas deixa a propriedade mais produtiva.

Com tecnologias baratas e otimizando o uso do espaço rural a propriedade fica mais lucrativa e sustentável.

DSCN8664
Participantes da capacitação produtiva do projeto Água Viva em Alexânia

 

Assessoria de Comunicação

Ana Guaranys

Corumbá Concessões

Informações: (61) 3462-5237 / comunicacao@corumba4.com.br

22/02/2017

 

Facebook
Pinterest
Twitter
LinkedIn