Sustentabilidade versus desenvolvimento: uma reflexão de cidadania

Em 2007, a capacidade biológica do Planeta foi ultrapassada em 50%. Isso significa que já estamos consumindo um planeta e meio em termos de recursos naturais e que precisaríamos, hoje, de seis planetas Terra para sobrevivermos em equilíbrio ecológico. Vale ressaltar que 20% da população mundial consome 80% dos recursos ambientais da terra, segundo o geógrafo Carlos Walter Porto Gonçalves, um dos nomes mais importantes da ecologia no Brasil. Esses dados, que mostram o tamanho da crise vivida pela humanidade, incluindo as mudanças climáticas e perdas da biodiversidade que impactam na vida de cada ser humano, foram alguns dos assuntos de uma reflexão proposta no curso “Gestão Ambiental Pública e Cidadania”, que a Corumbá Concessões realizou nos dias 14 e 15 de abril, para os funcionários da UHE Corumbá IV, em Luziânia.

A atividade faz parte do Programa de Educação Ambiental do Trabalhador (PEAT), com o objetivo proporcionar aos funcionários da usina uma reflexão e ferramentas práticas para que possam lidar melhor com os problemas ambientais que afetam o dia a dia no trabalho, na UHE Corumbá IV, e nas comunidades onde residem. O curso foi ministrado pelo analista ambiental aposentado do Ibama e educador, José Silva Quintas, que é também físico por formação e destacado colaborador da construção da educação ambiental no país.

No primeiro dia, o professor Quintas discutiu com os participantes sobre a crise mundial – da sociedade urbana e industrial – destacando o aquecimento global, o desenvolvimento das indústrias e o consenso de que o modelo atual é insustentável para o planeta. Neste contexto, a gestão pública de meio ambiente estimula as comunidades locais a se organizarem, enquanto cidadãos, para resolverem os conflitos ambientais locais, de maneira mitigatória.

Para refletir a respeito das questões locais, os participantes do curso se dividiram em grupos e debateram alguns problemas ambientais como o lixo que turistas e moradores de condomínios deixam no lago de Corumbá IV e na sua Área de Preservação Permanente (APP). Outros temas trabalhados foram: A queima indiscriminada de lixo e a abertura irracional de cisternas e poços artesianos, em Luziânia. Esta atividade teve como objetivo capacitar os cursistas para atuarem como lideranças da temática ambiental.

Para a analista ambiental responsável pelo Programa, Marinez Castro, muitos problemas ambientais locais foram identificados e trabalhados durante a atividade de capacitação, e o mais importante foi treinar o olhar para desnaturalizar os problemas ambientais. “Nós que somos da área ambiental necessitamos da educação continuada para a nossa formação, para reforçar e enriquecer nossos conteúdos, porque precisamos de referências fortes e autônomas e o professor Quintas nos trouxe isso, uma renovação crítica, a partir de um olhar para a essência dos problemas ambientais”.

Segundo o fiscal de bacia do reservatório Corumbá IV, Valdair Carvalho, durante o monitoramento diário, feito por água nas margens do lago nos sete municípios de abrangência da usina, são registradas irregularidades, que são relatadas ao órgão licenciador e fiscalizador do empreendimento, o Ibama. “Nós observamos que a prefeitura não coleta o lixo nas áreas próximas à APP, o que é feito pelos próprios moradores, e que os turistas deixam para trás o lixo que geram durante a permanência no local de lazer”, disse. O grupo sugeriu a realização de reunião entre os ribeirinhos, os donos de comércio (restaurantes flutuantes), prefeitura e a Corumbá Concessões para a busca de uma solução para o problema.

Queima de lixo

Segundo Philipe de Souza Lemes, técnico de informática e morador de Luziânia, a queima indiscriminada de lixo provoca poluição do ar e trás problemas de saúde para a população. Outra questão é a abertura irregular de cisternas e poços artesianos em bairros de Luziânia causando impacto negativo no lençol freático, pois não há um controle do uso da água. “Como uma boa área do município não possui saneamento básico, muita água está sendo retirada do solo e as consequências, como erosões e falta d´água, podem ser irreversíveis”, disse.

Como a solução para este caso depende da vontade do poder público, o grupo sugeriu que a população organizada em torno do assunto se reúna com a prefeitura e a Saneago para reivindicar saneamento básico para a região. “As empresas que fazem perfuração de poços têm conhecimento da legislação e se os moradores e lideranças conseguirem propor a construção de poços coletivos, esse uso da água vai ser mais racional”, disse Philipe Lemes. As questões discutidas durante o curso podem ser levadas ao conhecimento da população, na opinião dele: “Nós saímos daqui como agentes ambientais para orientar os moradores que, muitas vezes, não têm conhecimento do dano que estão causando e muito menos da legislação que apoia ou que pune a população”.

Segundo o professor Quintas, ao instituir o meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito de todos e essencial à sadia qualidade de vida, a Constituição Federal atribuiu a responsabilidade de sua preservação não só ao Poder Público, mas também à coletividade. “Não basta jogar o lixo no lixo, é preciso lutar para que seja depositado em lugar ambientalmente adequado”, exemplificou o professor a forma como deve ser conduzido o tratamento dado às questões que exigem ação coletiva, como o lixo e o uso da água.

Para a geógrafa Temízia Lessa, o curso foi muito proveitoso. Por ser uma metodologia crítica, que casa teoria e prática, o funcionário pode levar para o trabalho ou estudo o que discutiu e aprendeu durante as atividades, que foram além da temática ambiental, abordando também as questões política, social e cultural. “Assim, ele poderá ser, de fato, um sujeito de transformação no meio em que estiver inserido e como profissional, ele poderá atuar com mais conhecimento e capacitação para tomadas de decisão”.

Números do desgaste planetário

  • Em 2007, a biocapacidade do Planeta foi ultrapassada em 50%. Isso significa que já estamos consumindo um planeta e meio em termos de recursos naturais.
  • 80% da população mundial vive em áreas com graves ameaças à segurança hídrica (como é o caso de São Paulo).
  • 20% da população consomem 80% dos recursos ambientais da terra.
  • Precisaríamos hoje, diante desta realidade, de seis planetas Terra.
  • 20% da população mais rica do planeta são responsáveis por 80% de todo o consumo privado.
  • 3 bilhões de pessoas, do total de 6,5 bilhões da população mundial, vivem abaixo da pobreza.
  • As 85 pessoas mais ricas têm riqueza equivalente à soma da riqueza de 3,5 bilhões.

 

Abril/2016

 

Ana Guaranys – Assessora de Comunicação – Corumbá Concessões

(61) 3462-5237 // comunicacao@corumba4.com.br

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