Atividade leiteira é destaque no projeto Mãos Produtivas

A busca pela realização de um sonho, ousadia, persistência e foco foram os principais motivos que levaram Bernadete Gonçalves Santana e Lauro Santana a iniciarem do zero, há três anos, a atividade de pecuária leiteira em Novo Gama (GO). Produtores da agricultura familiar do município, eles são lideranças da Associação de Produtores Rurais Jacumã/Jarumã e pioneiros na comercialização de leite para a merenda escolar do município, dentro do projeto Mãos Produtivas – Comércio institucional de alimentos, que a Corumbá Concessões – gestora da Usina Hidrelétrica de Corumbá IV – implementa no município.

Desde abril do ano passado, o Mãos Produtivas está capacitando 27 produtores das associações Chácaras Paulistas, Riacho Doce e Jacumã/Jarumã, com o objetivo de prestar apoio técnico e jurídico voltado para a organização de documentos das entidades e dos seus associados (Declaração de Aptidão ao Pronaf / DAP). Depois de serem capacitados em diversos temas, eles já estão comercializando alimentos agroecológicos nas escolas de Novo Gama.

O casal Lauro e Bernadete está à frente na produção do leite, com a venda para laticínio e para a merenda escolar. “Bernadete Santana é a presidente da Associação Jacumã/Jarumã e chama a atenção para os resultados apresentados pelo casal. Eles têm mente aberta, espírito de empreendedorismo e associativismo e estão de parabéns, juntamente com a associação”, elogia Luciano Andrade, que presta assistência técnica ao projeto Mãos Produtivas, em Novo Gama.

Segundo Andrade, os resultados obtidos estão relacionados à qualidade do leite produzido, que tirou nota máxima na análise feita pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Mensalmente, explica, as amostras do leite da propriedade são coletadas e enviadas para o laboratório do órgão e, pela primeira vez, uma propriedade considerada pequena, com produção de 150 litros/dia de animais de boa genética, recebe nota dez para todos os quesitos do leite, como higiene, teor de gordura, proteína e bactérias do leite que têm que estar dentro dos padrões sanitários.

Para a analista de Meio Ambiente da Corumbá Concessões e responsável pelo projeto, Marinez de Castro, a produção de leite tem a ver com oportunidade. “O foco do projeto são as hortaliças, mas eles tiveram visão de negócio, e com a nossa assistência técnica conseguiram diversificar a renda. É nisto que acreditamos, na pluriatividade na pequena propriedade rural para aumentar a renda.”

Começo do zero

Lauro era servidor público federal , Bernadete trabalhou 34 anos como técnica de enfermagem e, há seis anos, aposentados, eles se mudaram para a área rural de Novo Gama para dar os primeiros passos rumo à realização do sonho antigo de trabalhar com a pecuária leiteira. Inexperiente e sem tempo a perder, eles buscaram informações sobre a atividade, fizeram o curso Balde Cheio, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), compraram seis vacas girolando e começaram a aplicar as técnicas para aumento da qualidade do leite, como o uso da grama gilles e pasto rotacionado.

Lauro conta que sua esposa vem de família de produtores rurais, ao contrário dele, que nunca havia trabalhado na terra. “Nós nos aposentamos e viemos para Novo Gama, onde adquirimos nossa chácara, de 5 hectares. Juntos, fomos descobrindo como trabalhar com leite e as delícias desse paraíso, de onde nunca mais pretendemos sair”, conta. No mergulho do novo aprendizado, Bernadete fez curso de confecção de queijo e doce de leite que caíram no paladar dos compradores da região.

Os desafios foram muitos, segundo Lauro Santana. Antes eles não tinham documentação necessária para participar de licitações e não sabiam para quem vender o leite. “Graças à Corumbá Concessões com o Mãos Produtivas estamos alcançando nossos objetivos”, comemora. Hoje, o casal tem um plantel de 13 vacas que produzem 150 litros/dia e cinco bezerras. “Nossa meta é melhorar a qualidade da produção para chegarmos a 300 litros e ficarmos autossuficientes na atividade”. 

Foco

“O Mãos Produtivas foi um projeto que caiu do céu, para a associação e para nossa família, porque nos apresentou várias saídas na produção rural”, declara Bernadete. Ela conta que a ideia inicial era comprar uma vaca para o próprio consumo, mas os planos se ampliaram com os cursos que o casal fez na área leiteira.

Quando a associação foi criada, o casal reuniu cerca de 12 vizinhos interessados em produzir leite, dentro da proposta de armazenamento num tanque comum de refrigeração para a venda em algum laticínio. “Mas os produtores colocaram dificuldade e desistiram do negócio. Então, decidimos comprar um tanque de refrigeração mais barato e, há três anos, começamos a tocar a produção que, graças a Deus, está com resultados que estão surpreendendo até a nós mesmos”, conta Bernadete.

Na propriedade, Bernadete e Lauro plantam milho, cana de açúcar (para alimentação do gado), feijão e hortaliças, que vão para as escolas do município, através do Mãos Produtivas. E com o sucesso do empreendimento leiteiro, acrescenta Bernadete, os produtores que desistiram estão procurando o casal para replicar a atividade. No entanto, a orientação do projeto é que cada um tenha o seu tanque para não haver interferência no padrão da qualidade do leite.

Ana Guaranys

Corumbá Concessões

14/01/2020

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